Revolta(nte)

Esperar anos a fio por um CD! e não desesperar....
Se não fossem os Uxukalhus os culpados, a estória de amor podia ter dado para o torto.
"A revolta dos badalos", 4 anos depois, viu a luz do baile... e ofuscou.

Num objecto de colecção - que na versão vulgar se designa CD -, construído no moínho da carvalha gorda, estes revoltosos da música tradicional registaram a vida com que nos brindam em baile.
Neste percurso - pedestre - que nos propõem pelas tradições de vários cantos, sentimos o ritmo de uma polka depois de ouvir um malhão a 380Volts, uma mazurka para o "sentimentalismo Andanças" e outra com cheiro de África, uma scottische que nasce certinha mas cedo é assaltada por ritmos de paragens que nada devem à Europa, sem nunca, nunca, perder a raíz - e o ritmo - de dança.

Tudo ligado com mestria, recorrendo a pequenos excertos de "momentos", deixa o sabor de totalidade a uma obra pela qual valia esperar décadas, que fossem.

À banal bolacha de PVC a chucalhada decidiu vestir uma roupa que deles é também o espelho. Feita em papel e madeira naturais - menos as colas - e artesanalmente, deixa-nos a dúvida se ficamos viciados na música ou no pegar e sentir aquelas texturas. De formas simples, não dispensa no interior um desdobrável com mais informação e uma impressão cuidada e perfeitamente legivel. Vinda da tradição de fazer papel, sem dizer não a novas abordagens de construir - como a música que encerra.

Apostamos que as primeiras 300 obras de artesanato - sonoro - agora produzidas, não ficarão sozinhas. Apostamos também que marcará um ponto no mundo da música tradicional: o antes e o depois da "Revolta..."

Agora, resta esperar pelo baile de dia 20 em Montemuro para lhes dizer - na única forma que eles entendem: paticipando freneticamente no baile - o que pensamos desta espera quase eterna e do resultado.

Imagens do dito? Não! Se o quiserem ver e sentir, descubra-no por aí.... peçam ao vizinho, ao cão, ao gato ou ao amigo.